A expressão tensa de Lewis Hamilton disse tudo, neste sábado, logo depois de encerrada a sessão que definiu o grid do GP de Mônaco. O inglês campeão do mundo acredita que o erro do seu companheiro de Mercedes, Nico Rosberg, com o último jogo de pneus, foi proposital. As bandeiras amarelas no local impediram Hamilton de melhorar seu tempo, o que garantiu a Rosberg a importante pole position no Circuito de Monte Carlo. Os comissários estão investigando se foi um erro ou ação deliberada.
Rosberg registrou um tempo melhor que o de Hamilton com o primeiro jogo de pneus supermacios da Pirelli na última parte da classificação, o Q3, 1min15s989 diante de 1min16s048. Com o segundo jogo, Rosberg exagerou na aproximação da curva 5, a Mirabeau, "e para não bater no guardrail segui reto", explicou o alemão. Há no local uma pequena área de escape.
A permanência do seu Mercedes W05 Hybrid parada naquele ponto fez com que os comissários mostrassem a bandeira amarela para quem passasse por ali, como Hamilton, que estava na volta lançada. Era a sua chance de ser mais rápido que Rosberg e conquistar a pole. A bandeira amarela, no entanto, obriga que os pilotos reduzam a velocidade. Dessa forma, os tempos da primeira tentativa de ambos foram os seus melhores. Rosberg na frente de Hamilton.
"Sim", limitou-se a responder Hamilton, desejando não estar na entrevista dos três melhores no grid, a respeito de se sentir prejudicado. "Nada a dizer", falou, ainda. "Já está feito agora." Normalmente Hamilton e Rosberg trocam ideias, comentam o que se passou com cada um na classificação. Hoje não se olharam na cara.
Se os comissários concluírem que foi um erro e não uma ação deliberada de Rosberg, a relação entre os dois pilotos da Mercedes deve entrar em rota de colisão. No paddock a impressão generalizada foi de que o alemão estudou o que fazer para obter a pole position usando o artifício da bandeira amarela. A vantagem técnica da Mercedes é tão grande que a disputa pelo título se resumirá a seus pilotos.
Jogar com as bandeiras amarelas não é algo novo na F1 . Em 2006, Michael Schumacher estabeleceu o melhor tempo no final da classificação do GP de Mônaco também. Sabia que as parciais da volta que Fernando Alonso, da Renault, e Kimi Raikkonen, McLaren, estavam para completar indicavam que perderia a pole position. E no seu melhor estilo Schumacher simulou um erro na última curva, Rascasse, atravessou a Ferrari na pista, a fim de gerar a exposição da bandeira amarela. Alonso e Raikkonen não puderam melhorar seu tempo.
A trama foi descoberta pelos comissários, depois de analisar os dados de telemetria da Ferrari, e Schumacher foi punido. Teve de largar em último. O mesmo pode acontecer agora com Rosberg que, como pensa a maioria, sua ação para impedir Hamilton de superá-lo foi deliberada. Se realmente se trata de uma encenação do alemão, é possível se afirmar que ao menos a executou com maior competência de Schumacher. Foi menos descarado.
O cada vez melhor Daniel Ricciardo, da Red Bull, a exemplo da prova em Barcelona, foi o melhor dos pilotos fora a dupla da Mercedes, com o terceiro tempo, 1min16s384. Nova vitória sobre o companheiro e tetracampeão, Sebastian Vettel, quarto, 163 milésimos mais lento. É a terceira derrota seguida de Vettel para Ricciardo.
Felipe Massa acabou atingido por Marcus Ericsson, da Caterham, na mesma curva onde Rosberg parou a Mercedes. O sueco errou a freada e atingiu a suspensão dianteira direita da Williams de Massa. Era ainda o Q3. Massa vai começar o GP de Mônaco, amanhã, na 16ª colocação.
"Eu vi que o Ericsson estava com as rodas traseiras bloqueadas, deixei ainda espaço para ele, mas acabou me atingindo", falou Massa. O seu companheiro, Valtteri Bottas, larga em 13º. A Williams não tem o mesmo bom desempenho das duas últimas etapas, China e Espanha.
"A corrida é longa, o desgaste dos pneus, elevado, e há a possibilidade de chuva", disse Rosberg que, ao entrar na sala de imprensa, solicitou aplausos por seu resultado. Serão 78 voltas no difícil traçado de 19 curvas, 3.340 metros.
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