segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Guerra dos agentes na Vila: representantes de Ricardo Oliveira são acusados de aliciamentos

GAZETA PRESS
Santos vive ambiente de guerra entre empresários ao longo de 2015
Santos vive ambiente de guerra entre empresários ao longo de 2015
O ambiente dentro do Santos tornou-se uma bomba-relógio nas últimas semanas. Principalmente por conta da novela de renovação do volante Thiago Maia, de apenas 18 anos. Nos bastidores, uma verdadeira guerra entre empresários. Como pivô, o agente Augusto Castro, que representa o atacante Ricardo Oliveira.
Em conversa com a ESPN, grupos de empresários disseram que os representantes do centroavante estão à frente da polêmica, aliciando diversos funcionários do clube. Isso, porque Ricardo Oliveira, além de capitão da equipe, é pastor evangélico de muitos atletas santistas e, segundo os relatos ouvidos, seus agentes estariam utilizando o nome do camisa 9 para se aproximar dos atletas.
"Estou sabendo da postura desses empresários - Augusto Castro, que é pastor de igreja e empresário, e Eduardo Mendes, seu funcionário - em aliciar vários jogadores do Santos. Estão falando no mercado que já estão trabalhando com o Thiago Maia. É antiética uma atitude dessas, sabendo que temos contrato com o atleta e uma gestão de carreira transparente com ele e sua família. Confio no meu atleta acima de tudo, e ele (Thiago) ainda me garantiu que não sairá da nossa empresa", disse Alexis Malavolta, representante de atletas do grupo Juan Figer, em contato com o ESPN.com.br
Por meio de sua assessoria, a empresa NB Sports também confirmou à ESPNo aliciamento dos agentes de Ricardo Oliveira ao volante Léo Cittadini, mas preferiu não dar uma declaração oficial.
Além de Ricardo Oliveira, a Goal Sports Promotion, que no começo do ano tinha apenas o centroavante como cliente no elenco alvinegro, agora também representa o santista Marquinhos Gabriel e conversa sobre parcerias com Léo Cittadini, Zeca e Daniel Guedes. A reportagem procurou na última sexta-feira o agente Fernando Otto para comentar eventuais aliciamentos em cima do meia Marquinhos Gabriel. Ele pediu para entrar em contato no dia seguinte, mas não atendeu mais aos telefonemas.
De forma oficial, a empresa de Augusto Castro, a Goal Sport Promotion, que também tem o empresário Oldegard Filho como sócio, afirma que não vai comentar acusações de aliciamentos sem fundamentos. Em conversa com a reportagem da ESPN por telefone, o próprio Augusto se defendeu sobre o tema Thiago Maia.
"Não vamos entrar no mérito de se estamos ou não estamos conversando com o jogador (Thiago Maia), pois temos uma orientação jurídica para não comentar. A pergunta é: se o garoto recebeu um carro, por que aceitou?", declarou. Explica-se: na semana passada, Thiago Maia foi presenteado por empresários com um Ford Fusion na cor branca, avaliado em cerca de R$ 110 mil.
Sobre insinuação de que a religião dos jogadores é utilizada para se aproximar dos atletas, Augusto também rebateu.
"Eu também sou evangélico e tenho formação pastoral. Se isso fosse verdade, porque o Geuvânio, que dorme toda semana na casa do Ricardo, não está sendo envolvido nesse processo de aliciamento? O agente dele, que é amigo nosso, nunca tocou nesse assunto. Outra coisa que te pergunto: se são 18 jogadores do Santos que assistem aos cultos do Ricardo, porque só quatro foram aliciados? Isso é conversa fiada, falácia. É uma covardia contra o Ricardo, pois se estivesse levando todo mundo para a balada ninguém falava nada. Pergunta aos jogadores: vocês ganharam dinheiro para assinar com o Augusto? Segunda pergunta: foi o Ricardo que influenciou vocês a assinarem com o Augusto?", afirmou.
DJALMA VASSÃO/GAZETA PRESS
Ricardo Oliveira está em meio a tiro cruzado entre agentes
Ricardo Oliveira está em meio a tiro cruzado entre agentes
Briga por comissão em renovação
À ESPN, Augusto Castro afirmou ter uma teoria sobre a origem das informações contra ele.
"Quem hoje está em rota de colisão com o Ricardo Oliveira é o (Luiz) Taveira. Escuta isso, é oficial: o Santos amanhã estará sendo notificado porque um atleta do Santos, que é o capitão do Santos, vem sendo ameaçado pelo Taveira por mensagem há vários dias e o jogador, que é o Ricardo Oliveira, não se sente mais confortável por isso e quer que o Santos tome uma providência. E é esse o assunto que está por trás de tudo o que você está falando", afirmou, avisando que um boletim de ocorrência chegará ao clube sobre o fato nesta segunda-feira.
Surpreendido pelas palavras de Augusto à reportagem, Taveira se explicou. Disse que trouxe o nome do centroavante ao clube no começo do ano, após insistir com a diretoria mesmo diante das recusas do então técnico Enderson Moreira, que queria Walter. E, depois, que participou do processo que prolongou o vínculo do jogador com o time alvinegro ao fim do Paulistão. Apontou que o Santos gerou um documento em maio que teria que ter a anuência de Ricardo Oliveira para o agente receber sua parte na comissão - que sairia dos cofres do clube -, e o atleta não quis assinar, o que gerou o imbróglio.
"Te mando todas as mensagens que mandei para ele (Ricardo Oliveira), se você encontrar uma ameaça você me fala. A última não foi para ele, foi para o empresário dele. Não foi nem o Augusto e nem o Oldegard que sentavam no Santos das 9h as 18h, não foram eles que brigaram com todo mundo para que o Ricardo chegasse no Santos. O mínimo que eu esperava era um reconhecimento. Eu fiz o trabalho mais bem feito que eles, que não tinham clube para o Ricardo. Não fui desonesto, não fui leviano, não fui eu que estipulei a comissão, foram os empresários dele. Eu consegui uma coisa que eles não conseguiam há oito meses para o Ricardo, que é um emprego. E o seu Ricardo não reconheceu o meu trabalho e não me deu o direito de receber o meu dinheiro até hoje. Você ficaria satisfeito com isso? Eu trabalhei para caramba. Eu cheguei a me humilhar. Tomei canseira de 10 horas no Santos em nome do Ricardo Oliveira. Um cara que falava comigo normalmente. Agi corretamente com ele e ele tinha que reconhecer o meu trabalho, pois ele estava desempregado", declarou o agente.
Após ser informado pela ESPN sobre as palavras de Augusto, Taveira também confirmou a respeito dos aliciamentos a atletas do Santos por parte dos agentes de Ricardo Oliveira.
"Querem entrar na vida de outros jogadores para tirar do Santos, e eu sou contra isso. E usam o Ricardo Oliveira para isso", definiu. "Quem trabalhou (para a vinda do centroavante e pela renovação) fui eu, que sou contra esses aliciamentos. Eu moro na cidade, e os próprios caras que estão fazendo os aliciamentos queriam levar o Ricardo embora depois do Paulista e eu não deixei, eu fiz eles valerem a palavra que eu dei para o Santos, e o Ricardo se voltou para mim e não sei porque", disse.
O agente também acrescentou que, em vez de falarem dele, os representantes do centroavante deveriam se preocupar com outras coisas.
"Ele (Ricardo Oliveira), hoje, com os empresários dele, vive aliciando todos os meninos do Santos para que o empresário dele seja o procurador, e eu não concordo com isso. Cada um que tenha o seu procurador. Eu moro em Santos e tenho responsabilidade com o Santos. Agora, eles (agentes de Oliveira) deveriam falar do monte de jogadores que indicaram aqui, que iludiram o Santos e não trouxeram nenhum, e no meio disso queriam empurrar outros, e o Santos não aceitou. Aí os caras querem dar uma de bonzinhos? Eles têm que falar o seguinte: que eles estão aliciando todo mundo no Santos por meio do seu Ricardo Oliveira para poder tirar os caras do Santos. E arrumando briga com outros empresários, coisa que eu não fiz", decretou.
Aliciamentos incomodam?
ESPN ainda foi informada de que muita gente dentro do Santos anda incomodada com eventuais aliciamentos de empresários ocorridos no time alvinegro. O aborrecimento estaria atingindo, por exemplo, o ex-jogador Clodoaldo, que é consultor técnico no clube. Procurado pela ESPN, ele pediu: "Não quero me envolver nisso".
Já Luiz Taveira, que no começo do ano diz ter insistido ao lado do ex-volante e do ex-presidente Marcelo Teixeira para trazer Ricardo Oliveira, ao ser questionado sobre o assunto, confirmou. "Todo mundo está chateado com isso. Agora, quer dizer que eles podem aliciar quem quiserem aqui, que podem aparecer de bonzinhos depois que o seu Ricardo Oliveira fez contrato com o Santos? Aí queriam levar ele embora, e ele não assinava contrato?", explicou.
Taveira ainda relatou que os representantes queriam levar o atleta para o Grêmio, mas foi ele quem brigou pela permanência.
"Se eu te contar a história da assinatura do contrato (de renovação) você ficaria horrorizado. Um contrato que estava pronto, feito, e ele não queria assinar de jeito nenhum. 'Mas por que não quer assinar, Ricardo?' Por que queriam levar ele embora. E aí eu fui contra. E provei que tinha razão. Se fosse para o Grêmio, ele estaria na seleção? É uma incógnita. Ele (Ricardo Oliveira) tinha que agradecer a mim. Eu que sou o tonto que me indispus com todo mundo e não recebi? Eu comprei briga, pergunte para todo mundo no Santos se isso é mentira. E aí chega uma hora que vejo um cara pregar que tem que ser correto e vejo que ele não é correto comigo", concluiu.
R$ 1 milhão e 20% de Thiago Maia
Outra coisa que chegou à reportagem, por meio de fontes ligadas ao tema, é de que o Santos estaria oferecendo R$ 1 milhão, mais 20% dos direitos econômicos, para o caso de conseguirem convencer Thiago Maia a renovar. Questionado sobre a veracidade da informação, o presidente Modesto Roma Júnior negou veemente, em conversa com aESPN neste domingo.
"Isso é choradeira desse cidadão, sem comentários. Ele devia ter um pouco de dignidade ao invés de ficar chorando, pois ele é o maior aliciador de todos. Então ele que olhe para o próprio umbigo, pois é que mais alicia no futebol brasileiro", disse Modesto sem citar nomes, mas aparentemente referindo-se ao empresário Juan Figer, que hoje representa Thiago Maia e tem propostas do exterior pelo atleta.
Com apenas 18 anos, Thiago Maia é titular absoluto do time comandado por Dorival Júnior, mas tem contrato com o Santos apenas até fevereiro do ano que vem. O clube oferece mais cinco anos de contrato ao atleta, com salários que chegariam aos R$ 120 mil na última temporada do vínculo.

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