segunda-feira, 2 de maio de 2016

Xodó do Santos fez gol anulado em final de 95; hoje, é dono de pousada e de quadra de society

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Camanducaia em suas quadras de futebol society
Ex-atacante Camanducaia em suas quadras de futebol society em sua cidade natal
No dia 17 de dezembro de 1995, Marcelo Fernando Domingues Rezende tinha tudo para se consagrar. Com o Santos, então sua equipe, necessitando de um gol para ser campeão brasileiro daquele ano sobre o Botafogo, ele subiu de cabeça nos minutos finais e marcou o segundo tento santista. O árbitro Márcio Rezende de Freitas, entretanto, anulou o gol, e o time da "Estrela Solitária" foi quem comemorou o título.
Quase 21 anos depois do vice-campeonato nacional, Camanducaia, como é conhecido por ter nascido na cidade homônima, em Minas Gerais, não se esqueceu do futebol. O "xodó" da torcida do Santos construiu no local uma quadra de futebol society para juntar amigos e até descobrir novos talentos.
"Quadra era um sonho meu do tempo que jogava muito amador aqui e comprei um terreno de 9 mil metros quadrados. Estava com isso na minha cabeça, queria uma escolinha porque, através do futebol, muitas crianças deixam o lado ruim da vida, como drogas e crimes. Como joguei (profissionalmente), me senti na obrigação de retribuir tudo isso, formar o caráter das crianças e bater uma bolinha com o pessoal que vem aqui", explica o ex-atacante, em entrevista exclusiva ao ESPN.com.br.
"Ainda dou meus chutes por aqui. Ajuda a manter a forma e é bom pra fazer uma amizade e só ajuda pra gente. Aqui temos garotos com muita noção de futebol, mas só o tempo pra mostrar se serão diferenciados", analisa.
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Camanducaia teve gol anulado na final
Camanducaia, em ação na final do Brasileiro-1995
Além da quadra, Camanducaia investiu pesado e decidiu, também, construir uma pousada, em Monte Verde, no interior de Minas.
"A carreira é muito curta e precisa fazer um pé de meia. Como Monte Verde é um ponto turístico, resolvi investir na cidade. É menor que Campos do Jordão, um distrito e uma fonte de renda", comenta o ex-atleta, que também teve passagens por times como Figueirense, Santo André, Ceará, Bahia, Guarani, entre outros.
Ele explica que teve a ideia quando atuava no Chivas-MEX, começou a construir em 2005 e abriu o empreendimento um ano depois. 
"Quando eu jogava, um casal que tocava (o negócio) pra mim. Agora arrendei e fico mais tomando conta do society. Depois que parei, precisava fazer alguma coisa e, hoje, faço algo do meu gosto", comemora.
O 'inesquecível' Santos de 95
Além de ainda seguir com a cabeça e as pernas voltadas ao futebol, Camanducaia afirma não se esquecer daquele time que superou dificuldades dentro de campo e acabou como segundo colocado em 95. Na semifinal, por exemplo, o Santos perdeu o primeiro jogo por 4 a 1 para o Fluminense, mas na volta, no Pacaembu, fez 5 a 2 e se credenciou à decisão do Brasileiro.
"A gente ainda acreditava, sim. A torcida estava carente de títulos e todos jogadores estavam motivados e acreditávamos no título", garante.
E, de acordo com o próprio ex-atacante, ele poderia ter ficado ainda mais conhecido caso aquele tento contra o Botafogo tivesse sido validado. "Ficou marcado por aquele ano de 95 e aquele gol que o juiz invalidou. Agora, sem cabelo me reconhecem menos (risos). Gravei um vídeo pra os 100 anos do Santos e a primeira coisa é o jogo inesquecível com o Fluminense e a final. Se aquele gol tivesse validade minha trajetória seria outra, poderia ter sido um Viola", lamenta.
"Mas não reclamo e não contesto nada. Só agradeço a Deus, porque vim de uma cidade pequena e cheguei onde cheguei, foi uma pena o que ocorreu, não tenho mágoa nem raiva", afirma.
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Camanducaia foi xodó da torcida do Santos
Camanducaia foi xodó da torcida do Santos
Ainda muito jovem naquela época, então com 20 anos e recém-alçado das categorias de base do Santos, Camanducaia admite que acabou se deslumbrando com a fama e a oportunidade de jogar precocemente em uma equipe grande. Logo em 1996, entretanto, iniciou suas andanças emprestado a Portuguesa Santista, Bahia e Guarani.
"Era muito garoto e não tinha ninguém que me auxiliava para orientar. Tinha só 20 anos em uma final de Campeonato Brasileiro e vem fama, capa de jornal e acaba subindo um pouco à cabeça. Precisa ter pés no chão, as coisas não saem da forma como a gente quer. Não planejava minha carreira, são coisas que aconteceram. Deveria ter esperado mais e ficado mais tempo na Vila", diz.
Mas enquanto lá estava, era querido pela torcida. Do banco de reservas, ele ouvia os alvinegros cantando sua música costumeira: "Ih, f..., Camanducaia apareceu".
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Camanducaia está no muro do CT do Santos
Camanducaia foi eternizado no muro do CT do Santos
"Eu lembro muito dela e dos torcedores também. Quando eu estava no banco, sempre a torcida pedia para entrar cantando assim. Me arrepio só de lembrar. Graças a Deus, sempre que entrava, eu me esforçava muito e conseguia ajudar. Na maioria das vezes eu conseguia reverter os placares adversos. É um carinho da torcida até hoje, ficou marcado na minha vida", celebra o ex-camisa 7, que encerrou a carreira em 2010, aos 34 anos, após lesionar o joelho quando jogava pelo Grêmio Osasco.
E se tratando do time de 95, não podemos esquecer do craque dele, Giovanni. O "G10", como ficou conhecido, foi o maestro da histórica campanha que parou no Bota de Túlio Maravilha e Paulo Autuori.
"Ele foi um craque que, além de dar muitas assistências, fazia muitos gols. Foi um dos melhores caras que eu já joguei ao lado. Ele foi fundamental em toda nossa campanha naquele ano. Tínhamos uma equipe muito forte", lembra, antes de salientar a dificuldade de juntar os companheiros para um encontro. "É muito difícil reencontrar os ex-colegas de Santos porque cada um está num canto", finaliza.

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