DJALMA VASSÃO/GAZETA PRESS
No último dia 25 de abril, o Comitê de Ética do São Paulo divulgou aos membros do Conselho Deliberativo um parecer sobre as ações de Ataíde Gil Guerreiro e Carlos Miguel Aidar à frente do clube. E chamou a atenção duas conclusões do órgão, que acredita em "tentativa de assassinato" por parte do ex-vice de futebol, além de realização de negócios financeiramente inexplicáveis e maus tratos aos funcionários do ex-presidente.O ESPN.com.br conseguiu os documentos, na íntegra, com o parecer sobre os dois cartolas. O parecer é resultado final de um trabalho de mais de seis meses do Comitê de Ética, que coletou depoimento dos cartolas e de testemunhas em seis volumes, com mais de 900 páginas. Já o parecer, que foi lido no conselho, tem 36 páginas.
A primeira parte contém a justificativa para concluir que Ataíde, com sua "personalidade exaltada, rancorosa, furiosa, de linguajar assinalado por violência, ameaças, grosserias e falta de decoro" cometeu "tentativa de homicício" contra Aidar. A segunda parte apresenta as acusações contra o ex-presidente, que "praticou atos lesivos na contratação de empresas profissionais, uso político de instâncias do clube, maus tratos a funcionários, dívida, realização de negócios financeiramente inexplicáveis".
PARECER CONTRA ATAÍDE
Na primeira parte da análise, o parecer apresentou depoimento do ex-vice de futebol sobre a briga que teve com o então presidente no Hotel Radisson, em outubro do ano passado.
"Eu levantei feito louco, peguei ele pela cabeça, encostei a mão aqui [representa a cena no vice-presidente Roberto Natel, sua testemunha], não bati nele, depois de encostar a mão aqui nele, eu estava super nervoso, eu peguei ele pelo pescoço e não apertei, não apertei, eu falei: 'eu te mato, filho da p..., eu te mato, seu nojento", foram as palavras de Gil Guerreiro ao órgão, que aparecem transcritas no documento.
O Comitê utilizou a afirmação para justificar a conclusão de "tentativa de homicício" e analisou o tema sob a ótica do Direito Penal (veja o segundo anexo, abaixo). O órgão também utilizou a réplica do ex-presidente para sustentar a argumentação.
"Ainda tentei tirar a mão dele da minha garganta. Se não tivesse ninguém presente ali, poderia talvez ter havido um assassinato ou uma tentativa. Eu até quebrei a cartilagem desse dedo quando eu tentei tirar a mão dele da minha garganta porque ele estava me sufocando. Foi muito desagradável, foi triste, foi deprimente aquela cena", afirmou Aidar.
A seguir, o parecer dá o adendo de que Gil Guerreiro fez acusações graves contra o ex-presidente, mas, segundo o órgão, sem apresentar qualquer prova concreta.
"[Ataíde] Ainda assegura não haver reação do então presidente contra suas ofensas 'porque ele é covarde, e talvez foi a razão que eu não bati nele, como deveria ter batido, porque um nojento como aquele tinha que ter apanhado mesmo'", acrescenta o Comitê, sobre declarações feitas por Ataíde durante depoimento à comissão.
Para finalizar o trecho em que fala da agressão de Ataíde, o Comitê mencionou até que já havia ocorrido algo do tipo na agremiação tricolor envolvendo o ex-vice.
"Este temperamento agressivo do conselheiro (Ataíde) é fato conhecido, pois não é a primeira vez que agride outros conselheiros do São Paulo Futebol Clube, (...), em que o ofendido foi fisicamente atingido a pontapés e moralmente por expressões que não condizem com a postura de um conselheiro do SPFC; referimo-nos ao então conselheiro vitalício e ex-presidente do Conselho Fiscal, Dr. Antonio Irineu Perinotto, o qual provavelmente em razão desses fatos renunciou ao seu cargo de conselheiro vitalício. Tal fato ocorreu em 28 de junho de 2004".
Confira, abaixo, com exclusividade, a papelada do parecer do Comitê de Ética do São Paulo sobre a agressão de Ataíde a Aidar conseguidos pela reportagem da ESPN.
ESPN.COM.BR
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PARECER CONTRA AIDAR
Após as apresentações contra Ataíde Gil Guerreiro, o Comitê de Ética são-paulino discorrou sobre Carlos Miguel Aidar.
O começo do parecer sobre o ex-presidente diz que o dirigente "praticou atos lesivos na contratação de empresas profissionais, uso político de instâncias do clube, maus tratos a funcionários, dívida, realização de negócios financeiramente inexplicáveis, casos suspeitos de venda de jogadores, divulgação de acusações de desvio de dinheiro do SPFC e, em especial, os contratos firmados entre o SPFC e a TML Foco Consultoria, Far East Global Holdings Limited, Dr. José Roberto Cortez e Kirin Soccer".
O acordo com a Far East é o que obrigava o clube tricolor a pagar 15% de comissão (ou seja, R$ 18 milhões) à empresa de Hong Kong como comissão pela assinatura do São Paulo com a empresa americana Under Armour. O contrato foi rescindido em 7 de abril deste ano, depois de muitos meses de polêmica, mas que o dinheiro tivesse sido pago.
Após análises, entretanto, o Comitê afirmou, sobre a Far East e TML, que "não restou configurado, até o presente momento, prejuízos ou dívidas que possam onerar o clube e consequente respobsailização pessoal dos diretores que firmaram o respectivo contrato, a teor do artigo 79 do Estatuto Social".
Na sequência do parece, Aidar nega participação na negociação por Iago Maidana, atribuindo-a exclusivamente ao então vice Ataíde Gil Guerreiro. Sobre esse caso, o Comitê deixou para o Ministério Público a palavra final sobre este tema.
A negociação do jogador também foi polêmica. A compra dele foi intermediada pela empresa "Itaquerão Soccer", que pagou R$ 800 mil ao Criciúma e, em seguida, o registrou no Monte Cristo, clube da terceira divisão goiana. Dois dias depois, o zagueiro teve 60% de seus direitos econômicos vendidos ao São Paulo por R$ 2 milhões.
Sobre Cinira Maturana, é apontado que a namorada do presidente atuou diretamente na negociação por Rodrigo Caio, conforme e-mail anexado por Ataíde demonstra - o e-mail inclusive está presente no parecer do Comitê.
Confira, abaixo, com exclusividade, parte dos documentos do Comitê de Ética que falam sobre Aidar:
REPRODUÇÃO
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