Há casos em que usar um trocadilho se torna irresistível. Quando a Suíça, famosa produtora de chocolates, é goleada, a piada parece óbvia. E não houve como esse tipo de brincadeira não passar pela cabeça de quem assistiu ao duelo entre suíços e franceses em Salvador nesta sexta-feira. O que a França fez sobre os rivais da partida consagra não só o trocadilho, como também a capital baiana, a terra das goleadas na Copa do Mundo: 5 a 2 para os franceses, líderes do Grupo E.
E podia ter sido mais, já que Benzema ainda perdeu pênalti, além de ter protagonizado um curioso lance no final da partida - ele bateu para o gol um segundo após o apito final do jogo. A bola entrou, mas não valeu. Foi o terceiro jogo na Fonte Nova no Mundial, e o terceiro jogo com muitos gols - Holanda 5 x 1 Espanha e Alemanha 4 x 0 Portugal também ocorreram em Salvador. Bom para a França, que mostrou que a Suíça atual não é mais adepta do "ferrolho", a tática de jogar na retranca.
Talvez fosse melhor voltar ao passado. Giroud, Matuidi, Valbuena, Benzema e Sissoko aproveitaram e marcaram na goleada. Em caso de empate entre Equador e Honduras, os franceses avançam para as oitavas ainda nesta noite.
Fases do jogo: Só houve uma: quando a França queria atacar, chegava fácil. Quando preferia recuar, roubava a bola e... Atacava fácil novamente. Benzema, Giroud e cia. achavam espaço na defesa suíça da maneira mais tranquila vista até aqui na Copa. Novamente um trocadilho se torna inevitável: sim, a zaga suíça parecia aquele típico queijo do país europeu, cheio de buracos.
O momento mais dramático da partida para os franceses também foi no ataque. No primeiro tempo, Benzema perdeu um pênalti, defendido por Benaglio, e no rebote Cabayé perdeu um dos gols mais feitos da Copa, chutando na trave. Para sorte dele, Girou já tinha marcado de cabeça após escanteio, e Matuidi de perna esquerda, um minuto depois, após roubo de bola de Benzema. Ainda na primeira etapa, Valbuena tocou na pequena área com o gol vazio. No tempo final, Benzema fez o seu, e Sissoko fechou o placar francês. Dzemaili diminui já no final.
O melhor: O coletivo francês - Como eleger o melhor jogador de um time que goleia por 5 a 2, com cinco marcadores diferentes, sem dar chances de ataque ao rival (o gol suíço foi de falta) e com meio e ataque funcionando perfeitamente juntos? Talvez Didier Deschamps, o técnico francês, tenha sido o melhor, por escalar seu time com encaixe perfeito aos suíços. Talvez tenha sido Benaglio. Sim, o goleiro suíço, que impediu uma goleada ainda maior. A torcida em Salvador, porém, deixa claro: o melhor, até aqui, é a cidade, que faz chover gols.
Os piores: Senderos e Djourou - O experiente zagueiro Senderos entrou logo aos 8 minutos de jogo, após Von Bergen, o melhor defensor da Suíça, se lesionar no rosto. Com ele ao lado de Djourou, o mais inseguro dos titulares, a França percebeu que o caminho seria fácil. E foi. Teve pênalti infantil, teve gol de contra-ataque, teve bola aérea com atacante sozinho e gol nas costas da zaga. Uma festa.
Toque dos técnicos: A França parece não sentir falta de Ribéry. Valbuena, Benzema e Giroud transformaram o ataque da seleção de uma maneira que, se fizer a França ir longe na Copa, darão razão a promessa de Ribéry de que esta seria sua última Copa do Mundo. Dizem que sentiriam falta da velocidade do 3° melhor jogador do mundo em 2013. Nada disso. Valbuena, Cabayé e cia. acharam espaço nas pontas para municiar Benzema e Giroud. Toque de Deschamps.
Chave do jogo: A contusão de Von Bergen logo aos 8 minutos de jogo prejudicou demais a Suíça. O time suíço, na atualidade, aposta mais no ataque que na defesa, fugindo de sua tática tradicional. Só que Shaqiri e Xhaka, os habilidosos meias, não tiveram como entrar no jogo enquanto a zaga não ganhava uma bola sequer do ataque francês. A saída de Von Bergen evidenciou isso, já que Senderos e Djourou não acertaram nada durante o jogo.
Para lembrar:
A Suíça passou a Copa de 2006 sem tomar gols e, assim, chegou às quartas de final. Aquela época é, definitivamente, passado. Em dois jogos no Brasil, já foram seis tentos sofridos.
Benzema acertou lindo chute no último segundo de hoje. Ou, na verdade, um segundo depois do apito final. O árbitro holandês Bjorn Kuipers apitou o término da partida com a bola indo na direção do francês. O assopro no apito foi dado enquanto Benzema se preparava para o chute. O que o árbitro não esperava é que a bola entrasse, no que seria um golaço. Não foi.
Em três jogos na Fonte Nova na Copa, foram marcados 17 gols. Média inacreditável de 5,66 gols por jogo. Imagina uma Copa inteira com essa média?
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