Na tarde de 22 de fevereiro um funcionário do departamento de marketing do São Paulo, recebeu e-mail enviado por sócio-torcedor que foi o primeiro fio puxado de um novelo com Carlos Miguel Aidar, a namorada dele, Cinira Maturana, e José Manoel Loureiro, identificado no Morumbi como ex-marido dela, na outra ponta.
Na mensagem, o remetente queria saber se a escolinha de futebol do São Paulo – Nação Crossfit, em Brasília, era mesmo oficial do clube. O departamento de marketing tricolor foi então procurar em sua relação de escolinhas licenciadas e não localizou essa unidade.
O alarme foi disparado. Nailde Ataide Pimentel, dona da escola em questão, foi procurada e prestou esclarecimentos ao clube sobre o uso do nome. Disse que Aidar e Cinira, esta que nunca teve cargo no São Paulo, a convenceram a trocar a bandeira de sua escola, que era do Santos, para a do São Paulo. Ela ainda explicou que repassava 50% de sua arrecadação para uma outra escolinha do Distrito Federal apresentada como licenciada pelo São Paulo, a Brasília Futebol Academia.
Nailde se surpreendeu por saber que sua escolinha não era considerada oficial. E a atual diretoria do São Paulo também, já que nenhum centavo era enviado ao Morumbi. Ali se iniciava uma investigação.
O que disse a dona da escolinha
“Em dezembro de 2014, recebi a senhora Cinira, secretária do senhor Carlos Miguel Aidar, na época presidente do São Paulo. Ela me fez a proposta de troca. Depois de alguns encontros, o senhor Carlos Miguel me ligou, falando que seu eu fechasse ele viria aqui com algum jogador da minha escolha”, contou Nailde em carta para a atual diretoria. Ela também afirmou que, em seguida, Cinira levou professores até sua escola e o empresário José Manoel Loureiro, “na época, esposo da senhora Cinira”.
Edson Lapolla, diretor-adjunto de marketing são-paulino, concluiu pelo relato de Nailde que ela fez gastos pensando que administrava uma escolinha oficial do clube, mas que na verdade se tratava de uma unidade pirata por não ter contrato com o São Paulo.
Após investigar o caso, Lapolla encaminhou requerimento à Comissão de Ética do Conselho Deliberativo pedindo a expulsão de Aidar baseado no caso da escolinha. “Já disse ao Lapolla que esse caso não é assunto para a comissão de ética. Isso é para ser tratado pela diretoria”, afirmou ao blog José Roberto Ópice Blum, presidente da comissão.
O departamento de marketing tricolor agora está regularizando a situação da unidade administrada por Nailde.
Contrato fora do padrão com escolinha licenciada
Ao invés de repassar dinheiro para o São Paulo, a escolinha de Nailde, que se considera vítima, fazia pagamentos para outra. É aí que entra em cena outro personagem, Écio Antunes Morgado, um dos proprietários da Brasília Futebol Academia (escolinha esta licenciada pelo SP para qual a de Nailde tinha que repassar pagamentos).
Ele procurou a nova diretoria tricolor e apresentou um contrato que firmou com o clube em 4 de maio de 2015, durante a gestão de Aidar. O documento, assinado pelo então presidente e mais três diretores, era desconhecido pelo departamento de marketing atual, responsável pelos licenciamentos. O acordo apresenta uma série de cláusulas diferentes do trato padrão firmado entre o clube e escolinhas licenciadas.
Ele procurou a nova diretoria tricolor e apresentou um contrato que firmou com o clube em 4 de maio de 2015, durante a gestão de Aidar. O documento, assinado pelo então presidente e mais três diretores, era desconhecido pelo departamento de marketing atual, responsável pelos licenciamentos. O acordo apresenta uma série de cláusulas diferentes do trato padrão firmado entre o clube e escolinhas licenciadas.
Uma das principais diferenças está na cláusula 1.2, que permite à Brasília Futebol Academia explorar Unidades no Distrito Federal, como o empreendimento de Nailde, e em Goiânia. A situação é bem atípica se comparado ao contrato padrão, que diz que a licenciada só poderá explorar uma unidade (está em sua cláusula 2).
Outra diferença importante diz respeito ao pagamento. A Brasília Futebol Academia não paga o São Paulo em dinheiro. O contrato diz que como contrapartida pelo uso da marca tricolor ela deve oferecer anualmente ao clube jogadores amadores ou profissionais vinculados a ela. O poder de escolha dos atletas é do time paulista e a escola não pode vetar a “cessão”, expressão usada no contrato. Número de jogadores e divisão de direitos econômicos não estão estabelecidos. Já no acordo padrão oferecido às escolinhas, o São Paulo cobra R$ 40 mil parcelados a título de taxa de licença.
Dez atletas já vieram da Brasília Futebol Academia para as categorias de base da equipe tricolor. Porém, parte deles chegou graças a um contrato anterior firmado entre as partes.
Por sua vez, Nailde explicou que tem que dar 50% de seu faturamento para a Brasília Futebol para a parceira quitar os salários dos professores da escolinha dela.
Desde a última quarta, o blog telefona para Aidar e Cinira, que não atendem às ligações. Eles também não responderam às mensagens de texto. Écio não foi localizado.
Nesta segunda, o Conselho Deliberativo do São Paulo vai votar parecer da Comissão de Ética sobre supostas irregularidades na gestão Aidar. Se não for absolvido, ele pode ser suspenso por 90 dias ou expulso do Conselho Deliberativo.
Vale lembrar que o ex-presidente chegou a fazer um contrato que permitia à empresa de Cinira receber comissão por negócios conseguidos por ela para o São Paulo. O acordo foi desfeito após queixas de conselheiros.
Abaixo, leia trecho da carta enviada ao clube por Naldine, que aponta participação de Cinira na operação.
http://blogdoperrone.blogosfera.uol.com.br/2016/04/novo-imbroglio-no-spfc-tem-envolvimento-de-namorada-de-aidar-com-escolinha/
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