O maior campeão europeu voltou a ser também o time mais vezes campeão do mundo. Desafiado pelo San Lorenzo, último vencedor da Copa Libertadores e adoração terrena do Papa Francisco, o poderoso Real Madrid se valeu de um cabeceio de Sergio Ramos – que havia dito jogar no "time de Deus" – e de uma falha bisonha do goleiro adversário para vencer por 2 a 0 a final e conquistar no Marrocos seu quarto título de melhor do mundo.
As três vitórias anteriores (1960, 1998 e 2002) não eram suficientes para colocá-lo no topo da lista desde 2003, quando o italiano Milan se isolou ao ganhar o tetracampeonato. Vice, o San Lorenzo aumenta para 12 anos o jejum do futebol argentino, campeão nove vezes na história - a última delas em 2003, com o Boca Juniors (detentor em três oportunidades do troféu, anteriormente classificado como intercontinental).
Para voltar a dominar o mundo ao lado do Milan, o time treinado por Carlo Ancelotti, além de ter derrotado o Atlético de Madrid na decisão da Champions League, já havia passado com facilidade pelo mexicano Cruz Azul (4 a 0), na semifinal do torneio em Marrocos. Representante da América do Sul, a equipe do técnico Edgardo Bauza, ao contrário, sofreu diante do semiprofissional Auckland, da Austrália, antes de tentar medir forças contra a formação de Cristiano Ronaldo e companhia.
Claramente sem a mesma força, a proposta argentina foi de se defender. Proposta que quase ficou comprometida ainda no primeiro minuto da final. Após saída errada de jogo, Kroos tomou bola para o Real Madrid na intermediária ofensiva e abriu para Cristiano Ronaldo, que invadia a área pelo lado esquerdo. O português bateu cruzado, sem a direção correta, e Benzema quase completou para a rede, mas não conseguiu o toque.
O primeiro arremate a gol não demorou muito mais tempo, porém. Aos quatro minutos, Cristiano Ronaldo arriscou cobrança rasteira de falta de muito longe, e Torrico teve a defesa facilitada por conta de desvio no meio da área. Dois minutos depois, o goleiro precisou se mexer novamente para sair nos pés de Benzema, quase na linha de fundo, e evitar que o atacante francês concluísse boa jogada iniciada em longo lançamento de Sergio Ramos.
AFP
Acuado, o San Lorenzo suportava a pressão com ajuda de algumas entradas mais fortes que irritavam os jogadores da equipe espanhola. O primeiro cartão amarelo, recebido por Ortigoza, saiu com 11 minutos. Cinco minutos depois, o árbitro não aceitou a reclamação acintosa de Barrientos e deu a segunda advertência para os argentinos. Sergio Ramos, inconformado com a catimba e a rispidez adversária, não deixou por menos, cometendo falta com violência e igualmente levando cartão. Logo em seguida, já pendurado, ele se conteve ao levar um tranco.
Com dificuldade para vazar essa marcação à frente da área, o Real Madrid tentou variações. Uma delas foi finalizar de longa distância, com Benzema. Torrico não segurou o forte chute, porém completou a defesa em dois tempos. Pouco depois, cara a cara com Bale, em um raro contragolpe bem encaixado pelo time espanhol, o goleiro espalmou arremate pela linha de fundo. Mas, na cobrança de escanteio, Sergio Ramos saltou e cabeceou no canto esquerdo baixo para abrir o placar aos 35 minutos. Lance parecido com a da decisão da Champions League, quando assegurou prorrogação contra o Atlético Madrid com gol no fim do tempo regulamentar.
O campeão europeu continuou em cima, em busca de vantagem ainda maior. Antes do intervalo, entretanto, em vez de comemorar mais uma vez, o técnico Carlo Ancelotti lamentou lesão muscular do brasileiro Marcelo, que se machucou sozinho e precisou dar lugar a Fábio Coentrão. Sem novas mudanças, o Real Madrid voltou ao segundo tempo com o mesmo ímpeto da etapa inicial e, logo aos cinco minutos, ampliou: Bale recebeu passe completamente livre dentro da área, finalizou fraco e viu Torrico permitir o segundo gol, mesmo soberano no lance.
Daí em diante, o dono da Europa administrou o placar sem muito esforço. O único pecado do “time de Deus”, como Sergio Ramos havia classificado o Real Madrid ao ser questionado se temia o “time do papa”, foi ceder à pressão nos minutos finais. Só que Iker Casillas fez duas ótimas defesas, livrou a equipe espanhola de um sufoco infernal e pôs fim à crença argentina.
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