A torcedora Patrícia Moreira se pronunciou pela primeira vez sobre o caso das injúrias raciais cometidas contra o goleiro Aranha no duelo do Grêmio com o Santos, no dia 28 de agosto, pela Copa do Brasil. Um dia após o depoimento à polícia, a jovem de 23 anos falou em coletiva realizada em Porto Alegre, onde chorou muito e pediu desculpas ao goleiro Aranha, ao Grêmio e aos torcedores do clube, afirmando que sua atitude foi “no calor do jogo”.
“Eu queria pedir desculpas para o goleiro Aranha, desculpa mesmo. Perdão, eu não sou racista. A palavra ‘macaco’ não teve intenção racista de minha parte, foi no calor do jogo. O Grêmio estava perdendo, o Grêmio é minha paixão. Eu vivi sempre indo aos jogos do Grêmio, largava tudo para ir aos jogos do Grêmio. Peço desculpas ao Grêmio e à nação tricolor, nunca quis prejudicar o Grêmio. E desculpas para o Aranha. Perdão, perdão”, implorou Patrícia.
Após a declaração, Patrícia deixou o local e seu advogado, Alexandre Rosseto, respondeu às perguntas dos jornalistas, afirmando que viu exagero na reação à atitude de sua cliente.
“Ela já foi julgada socialmente, independente de inquérito policial, de indiciamento ou não. Patrícia já sofreu ameaças. Só não vem sofrendo ameaças porque saiu de redes sociais, saiu da casa dela. Patrícia perdeu a vida dela. Acho que esse caso vai ser um marco para efetivamente terminar com o racismo, mas estaríamos sendo hipócritas se punirmos somente a ela por esse caso", declarou o advogado.
Rosseto ressaltou a vontade da jovem de se desculpar pessoalmente com Aranha. "Ela deseja muito esse encontro com ele. Ela quer perdir desculpas."
Principal símbolo das ofensas racistas que culminaram na desclassificação do Grêmio da Copa do Brasil, Patrícia Moreira pode ser indiciada por injúria qualificada. Além dela, outros sete torcedores foram intimados a prestar depoimento.
As imagens da torcedora gritando a palavra “macaco” e de outros gremistas imitando o animal para ofender o goleiro Aranha custaram ao Grêmio a exclusão da Copa do Brasil de 2014 e repercutiram em todo o mundo. O Tricolor vai recorrer ao Pleno contra a decisão tomada em primeira instância pelo STJD.
Organizada retira cânticos com a palavra “macaco”: em sua conta oficial no Twitter, a Geral do Grêmio, maior torcida organizada do clube, anunciou nesta quinta-feira que baniu de seus cânticos a palavra “macaco”, como forma de provocação ao rival Internacional. Cantos com este termo foram proferidos durante a vitória sobre o Bahia, domingo, e serviram como prova da acusação contra o Grêmio no julgamento do Caso Aranha. A Geral acabou suspensa pelo clube após o episódio.
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