Lucas Borges, de São Paulo (SP), para o ESPN.com.br
André Batista Santos, o Vampeta, adentrou um salão escuro iluminado por flashes coloridos acompanhado de oito amigos, pouco antes das 22h desta terça-feira.
Começava a ser escrita ali mais uma memória da vida cheia de episódios incomuns do eterno volante do Corinthians e da seleção brasileira, como bem retrata o livro do ex-atleta, 'Memórias do Velho Vamp', escrito pelo jornalista Celso Unzelte e divulgado em uma noite de autógrafos nesta mesma terça, em um prostíbulo na região central de São Paulo.
O homem que deu piruetas diante do então presidente Fernando Henrique Cardoso na rampa do Palácio do Planato após a conquista da Copa do Mundo de 2002 aprontou mais uma das suas.
Um pôster em frente ao estabelecimento anunciava: "Noite de autógrafos com o craque pentacampeão Vampeta. Uma noite em ótima companhia das melhores Escort Girls. E você ganha o livro autografado".
Interessada no evento, a reportagem entrou em contato com a casa de diversões e foi informada de que se tratava de uma reunião íntima, fechada para a imprensa. "O Vamp foi meu sócio em uma balada na Zona Norte, só vem dar uma passada hoje durante meia horinha", disse um dos donos do local.
Decidimos comparecer na festividade ainda assim. Na porta, o segurança informa que são R$ 100 pra entrar, R$ 100 consumíveis. "Mas só quero o livro e o autógrafo do Vampeta", argumento. "Justamente por isso, o preço é pelo livro, é um baita livro, mais de 200 páginas. Senta, toma um drink, paga uma bebida para as meninas e depois pega uma lembrança do Vamp."
Dois colegas sozinhos em uma mesa, outros dois trocando carícias com algumas garotas e vários seguranças e demais funcionárias de braços cruzados, além de mim, preenchem a ampla sala espelhada. Na televisão, Joinville e Bragantino travam duelo pela 33ª rodada da Série B do Campeonato Brasileiro.
No momento em que Rogério se antecipa à zaga adversária e cabeceia cruzamento de Marcelo Costa para a rede fazendo 1 a 0 para o Joinville, duas jovens começam a concorrer com a partida da Segundona ensaiando uma dança no pole dance ao som de black music.
Passam-se 15 minutos, e uma delas vem em minha direção e me pergunta por que estou "tão quietinho". Digo que vim só pelo livro do Vampeta e pergunto se ela torce para algum time e se também levará uma lembrança do pentacampeão. "Não torço pra time nenhum, não ganho nada com isso. E não vou comprar o livro, já tenho um penca pra ler pela faculdade", responde.
LUCAS BORGES/ESPN.COM.BR
A moça vai embora, e sigo tomando meu copo d'água solitariamente.
Às 21h50, Vampeta chega. Senta-se no canto do salão e é logo saudado com um balde de cervejas. Demora um bom tempo até que a primeira garota se aproxime para cumprimentar o craque. Algumas colam do lado dos amigos, mas nenhuma é acolhida pelo Velho Vamp.
Percebo que sou o único no prostíbulo, a essa hora já bem mais cheio, com um livro do jogador nas mãos. Um casal com uma mulher vestida fora dos padrões e dando broncas sistemáticas no seu acompanhante ameaça ser a minha companhia, mas eles parecem estar com a estrela.
Uma nova funcionária me questiona por que não me divirto como os outros. Aponto para Vampeta, afundado no sofá, de camisa preta e calça jeans, do outro canto do recinto. "Esse é o Vampeta? Acho que ele não vai ficar com ninguém, não. Só tá curtindo a fama."
Imagino se ainda vou ter que passar muito tempo ali. A ideia era observar a visita do atleta e me retirar assim que ele também saísse, mas o volantão aparenta estar cada vez mais animado.
Quando o locutor da casa anuncia, "Vampeta hoje é o nosso convidado especiaaaal, e a festa vai até o meio-diaaaa", me aproximo da mesa mais quente da noite e peço um minuto de atenção.
Ganho o autógrafo no livro, poso para foto. "Parece que só eu vim pelo autógrafo, hein?". "É...Sim", responde o convidado, monossilábico.