segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Sindicato denuncia pressão de Del Nero por erro de juiz contra o Palmeiras

  • Luiz Henrique/Figueirense
    Jogadores de Figueirense e Palmeiras pressionam o árbitro Igor Júnio Benevenuto
    Jogadores de Figueirense e Palmeiras pressionam o árbitro Igor Júnio Benevenuto


O presidente do Sintrace-RJ (Sindicato dos Trabalhadores da Arbitragem Esportiva do Estado do Rio de Janeiro), Marçal Mendes, afirmou nesta segunda-feira (7) que árbitros brasileiros são pressionados para que não cometam erros em jogos do Palmeiras. Segundo ele, essa pressão vem da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e do próprio presidente da confederação, Marco Polo Del Nero, que também é conselheiro vitalício do Palmeiras e do sócio benemérito do clube.
"Se o árbitro erra contra o Palmeiras, lá dentro [do estádio do clube], fica fora da escala [para outros jogos]. Duvido que seja indicado para uma vaga da Fifa", afirmou Mendes. "Todo mundo sabe o motivo. Sabe que Marco Polo é sócio benemérito do Palmeiras."
Marçal discursou nesta tarde de segunda-feira numa audiência pública promovida pelo MPT (Ministério Público do Trabalho), no Rio de Janeiro. Lá, o sindicalista afirmou que os árbitros brasileiros estão sujeitos a pressão por terem uma relação trabalhista frágil com a CBF, que escala a arbitragem. Ao apitar jogos do Palmeiras, acabam sujeitos a uma pressão ainda maior.
UOL Esporte entrou em contato com o Palmeiras, que disse que não comentará o assunto. A reportagem também tentou conversar com o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, e com o Coronel Marinho,  presidente da Comissão Nacional de Arbitragem, às 17h, mas ainda não teve resposta
Mendes é autor de uma denúncia que motivou a abertura de um inquérito no MPT sobre a situação da arbitragem nacional. A investigação é tocada pelo procurador do Trabalho, Rodrigo Carelli, há mais de um ano. Conforme o Blog do Rodrigo Mattos já revelou, Carelli já detectou que a escala de árbitros brasileiros não segue critérios objetivos.
Mendes disse que a CBF evita determinar regras claras para escala de árbitros justamente para que possa manter certa pressão sobre a arbitragem. Mendes disse que, desde de que Del Nero assumiu à CBF vindo da FPF (Federação Paulista de Futebol), erros contra clubes paulistas têm sido tratados com mais rigor pela CBF. "Erros contra paulistas têm mais repercussão", disse.
Além de Mendes, do Sintrace-RJ, participaram da audiência púbica representantes da Anaf (Associação Nacional de Árbitros de Futebol) e outros sindicatos de árbitros. A CBF não enviou representantes à sessão. A Ferj (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro) tinha delegados na audiência.
Na audiência, Marco Martins, presidente da Anaf, mostrou insatisfação com a CBF por outro motivo também. Ele afirmou que os árbitros são o elo mais fraco da cadeia do futebol brasileiro. Eles não têm uma escala de trabalho nem uma remuneração mensal garantida. Não têm também direitos básicos garantidos a outros trabalhadores comuns do país.

Cinco árbitros foram afastados após trabalhar em jogos do Palmeiras

Após a declaração, o UOL Esporte fez um levantamento que mostrou cinco juízes afastados por um período de tempo relevante depois de trabalhar em partidas do Palmeiras. O time paulista foi prejudicado em três destes jogos e foi beneficiado em outro. E um deles não houve qualquer contestação.
Na rodada 5, os palmeirenses reclamam de um gol irregular do Grêmio, mas conseguiram a vitória por 4 a 3. O árbitro Marielson Alves Silva ficou por oito rodadas sem atuar na Série A. Na rodada 18, a equipe paulista aponta irregularidade no gol que empatou a partida com a Chapecoense em 1 a 1. Neste caso, Wilton Pereira Sampaio só voltou a trabalhar na Série A na rodada 24.
Na estreia, o Palmeiras ganhou de 4 a 0 do Atlético-PR e ainda assim reclamou de pênalti não assinalado em cima de Gabriel Jesus. O árbitro Bruno Arleu de Araújo só voltou a apitar na rodada 13.
No clássico contra o São Paulo, o Palmeiras venceu por 2 a 1 com um gol irregular de Mina. O juiz Sandro Meira Ricci ficou cinco rodadas sem trabalhar na Série A. Finalmente, na goleada por 4 a 0 em cima do Figueirense, na rodada 12, os palmeirenses não tiveram reclamações, mas o árbitro ficou em cinco rodadas sem apitar uma partida de Série A.

*Colaborou: Danilo Lavieri, do UOL, em São Paulo

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