A noite de 6 de junho de 2007 é especial para atacante Renatinho, uma das promessas das categorias de base do Santos na última década. Aos 20 anos, ele foi o "quase herói" de um duelo lembrado até hoje pelo torcedor santista: o jogo de volta da semifinal da Libertadores, contra o Grêmio. Seus dois gols ajudaram a construir uma virada emocionante por 3 a 1, mas não foram suficientes para impedir o clube gaúcho de avançar à final da competição continental.
Mesmo sem a classificação, Renatinho saiu de campo valorizado. A posição, o porte físico, o local de nascimento – São Vicente – e o fato de ter sido um dos destaques na base santista renderam comparações a um outro atacante que fez história no Santos: Robinho.
Quase nove anos após deixar o Santos próximo de uma decisão de Libertadores, Renatinho encontrou na Albânia, um dos países mais pobres da Europa, uma oportunidade para buscar espaço no futebol do Velho Continente. O Skënderbeu, time que defende há um mês, disputou a atual edição da Liga Europa e participou dos últimos cinco qualificatórios para a Liga dos Campeões. Atraído pela possibilidade de enfrentar grandes clubes europeus, ele espera reencontrar o futebol que, no passado, o fez ser apontado como "novo Robinho".
Mas o que aconteceu para que uma promessa do Santos rodasse por ligas pouco competitivas e, aos 28 anos, encarasse a Albânia como uma alternativa para recomeçar?
Renatinho diz que, logo após brilhar na semifinal da Libertadores de 2007, sua ascensão foi freada por Vanderlei Luxemburgo, técnico do Santos até o fim daquela temporada. A tradição santista de dar sequência aos garotos revelados na base não se aplicou ao atacante, que não conseguiu se firmar entre os titulares.
"O Santos foi onde eu conquistei o meu sonho. Fui comparado a grandes jogadores. Minha família é toda da Baixada Santista. A maioria torce para o Santos. Infelizmente, depois de alguns bons jogos, não tive tanta sequência. Acabei pegando um dos melhores treinadores [Luxemburgo], mas, profissionalmente, não foi bom para mim. Até pelo currículo que ele tem, não é muito de revelar jogadores. Ele deveria ter me dado uma sequência maior", questiona.
A falta de sequência e uma proposta financeira tentadora do Kawasaki Frontale o levaram a deixar a Vila Belmiro após marcar oito gols em 49 jogos. No Japão, onde atuou até 2010, se encantou pela organização da J-League e por um povo que "é correto em todos os aspectos".
A relação conturbada com seu antigo estafe, no entanto, atrapalhou os planos do atacante nos anos seguintes. Pressionado por seus empresários, aceitou propostas de clubes sem expressão, como o Portimonense, de Portugal, o Hangzhou Greentown, da China, e o Chiangrai United, da Tailândia.
"Depois de 2011, acabei prejudicado pelos meus antigos empresários. Fui para lugares que eu não queria. Existiam outras propostas, mas eu acabava fazendo a vontade deles. Foram países onde aprendi muito. Serve de lição", afirma.
Animado com a popularidade local do Skënderbeu, que faturou as últimas cinco edições da liga albanesa, Renatinho quer deixar para trás os atritos com empresários para conquistar espaço na Europa.
"Eu tinha essa vontade de atuar na Europa. Joguei em Portugal por um período de seis meses, mas foi por conta de um erro dos antigos empresários. Não foi do jeito que eu queria. Agora estou na Europa em um momento em que eu quero, com outros empresários me ajudando. O Skënderbeu é um time grande na Albânia, que vem ganhando nos últimos anos. Vem disputando o qualificatório da Liga dos Campeões e jogou a Liga Europa. Em termos de visibilidade, foi boa a transferência. Eu queria um novo desafio", conta.
Mesmo com o foco na Albânia, o atacante não esconde o desejo de voltar a defender o Santos no futuro.
"Sonho em voltar ao Santos antes de terminar a carreira. Não sei se está longe ou perto, mas penso em voltar. É um clube pelo qual tenho um carinho enorme. O Santos está no meu coração", diz.
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