O Santos define dia 6 de dezembro seu novo presidente para o próximo triênio. Após uma gestão vitoriosa em campo, principalmente por contar com Neymar em grande forma, porém, polêmica de Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro, que inclusive acabou licenciado por questões de ordem médica e foi substituído nos últimos meses de seu mandato pelo até então vice-presidente Odílio Rodrigues, o clube vive uma expectativa rara, já que cinco candidatos se lançaram para concorrer ao posto mais nobre da instituição alvinegra.
Na série que se inicia nesta segunda-feira, aGazetaEsportiva.net vai ouvir todos os candidatos sobre diversos temas relacionados ao Peixe, com questões semelhantes para ambos.
Nabil Khaznadar, candidato apoiado pela atual diretoria santista e representante da chapa ‘Avança, Santos!’, é o primeiro a expor suas ideias, propostas e análises.
Empresário, 53 anos, dono de uma grife de roupas, Nabil é considerado uma pessoa influente no Comitê Gestor do clube, porém, já recusou o convite para se transformar membro.
Agora, pleiteando a cadeira presidencial, Nabil fala em revolucionar o Santos, ser pioneiro no Brasil no modo de gerir, enxerga o clube como uma empresa e não teme herdar muitos problemas financeiros.
Gazeta Press
Confira, na íntegra, a entrevista com Nabil Khaznadar:
Por que o senhor deseja ser presidente do Santos FC?
O Santos avançou nos últimos anos, mas precisa avançar muito mais. Acredito que alguns pilares importantes foram construídos, que os valores estão corretos, mas faltou uma execução melhor. Tenho uma longa experiência como empresário e sou conselheiro desde 1997, além de ter uma paixão enorme pelo clube. Acredito que chegou a hora de unir essas experiências para fazer o clube avançar na direção correta. Nós da chapa “Avança, Santos!” queremos revolucionar o futebol brasileiro, e o Santos é o clube que pode fazer isso. Hoje, sou candidato à presidência do Santos ao lado do vice Carlos Fonseca Filho.
Quais os principais pontos da sua proposta de governo?
Vamos fazer algo que nenhuma gestão nos últimos anos conseguiu: colocar o Santos em um novo patamar. Para isso, nossa proposta de governo prevê três pilares: O Novo, De Verdade; Gestão Profissional; e Futebol Arte. E para isso, vamos modernizar a maneira como o futebol é gerido, vamos administrar o Santos como se fosse uma empresa, como já fazem os melhores clubes do mundo. Para exemplificar a modernidade que defendo, vamos inovar com a criação da “Célula de Inteligência do Futebol”, um grupo altamente capacitado que vai atuar diretamente com os jogadores e a comissão técnica. Todo conhecimento adquirido nessa célula será de propriedade do Santos.
O senhor é a favor da manutenção do Comitê Gestor nos moldes de hoje?
Somos a favor do Comitê Gestor, mas ele tem que ser aprimorado. O problema principal é como ele é gerido hoje, diluindo as responsabilidades. Ou todos estão certos ou todos estão errados. Isso não funciona. Tem que ter um responsável para cada área, que será cobrado por ela. Vamos delegar missões, estabelecer metas e exigir resultados. O critério de escolha desses gestores será a meritocracia. Aliás, o estatuto que contempla o comitê é fruto de votação e desejo soberano do sócio.
Quais os planos para a Vila Belmiro?
Trazer o torcedor de volta para a Vila Belmiro é um dos nossos objetivos. Temos que melhorar a infraestrutura para acolher o torcedor e trazer mais benefícios que incentivem que se acompanhe o time. A Vila Belmiro precisa ser reformada e modernizada, o torcedor merece mais conforto e infraestrutura. Esta reforma está prevista nas nossas propostas e é uma das prioridades. Se eleito, no primeiro mês vamos realizar uma pesquisa com os sócios e torcedores para entender o que eles desejam que seja melhorado.
Construir uma nova Arena ou assumir o Pacaembu está no planejamento?
No caso específico de novas arenas, o Santos não saiu na frente, mas está aprendendo com os erros dos rivais. Veja o caso da Arena Corinthians, a torcida reclama do preço alto dos ingressos e o clube não está conseguindo fechar a conta. Com relação ao Pacaembu, nos agrada bastante termos a segunda casa do Santos nesse estádio, já que temos uma enorme torcida na Capital. O importante é o clube realizar um planejamento no início do ano para que seu torcedor saiba com antecedência onde os jogos acontecerão. Desta forma, eles poderão se programar para assistir aos jogos e o Santos terá tempo para realizar o trabalho promocional do espetáculo. Esta é uma das ações que está inserida em nosso projeto, o “Match Day”.
Voto à distância é uma boa alternativa para as próximas eleições?
Somos a favor do voto à distância. Lutamos por isso na atual gestão, mas perdemos por cinco votos. Com isso, perdemos uma grande oportunidade de uma maior aproximação do torcedor tirando dele o direito do voto à distância A comissão eleitoral é favorável à votação pela internet, mas contra o voto via correio. É um tema que vale ser discutido novamente, já que o Santos tem esta característica de vários torcedores fora de Santos. Vamos governar com uma visão de mundo, não provinciana.
O Santos vive uma séria crise financeira e já adiantou algumas cotas. O que o senhor pretende fazer para gerar receita e onde deseja investir?
Diferentemente de outros clubes, o Santos não antecipou as cotas de transmissão dos jogos dos Campeonatos Brasileiro de 2016 e 2017. Ou seja, o futuro do time não está comprometido para pagar o passado. Mas é essencial sanar a dívida, com uma gestão transparente e honesta, para que o Santos avance, tenha um crescimento sustentável e conquiste títulos. Para isso, é fundamental a excelência na execução dos projetos, investindo na categoria de base e promovendo maior interação com os torcedores. Vamos levar em conta a relação entre receita e despesa.
Na sua opinião, Leandro Damião foi um bom investimento feito pelo clube?
Até agora a contratação do Leandro Damião não foi boa. Como também não havia sido a contratação do Montillo. Lembro muito bem de quando o Montillo chegou. Como Leandro Damião, ele era uma grande esperança para o clube e para os torcedores, mas que não virou. Posteriormente, o Montillo fez algumas partidas boas e depois foi vendido dando lucro ao clube. Se assumirmos, vamos conversar com Damião e dar toda a tranquilidade para que consiga melhores resultados e reverta essa situação. Ele é um patrimônio do clube, estamos com ele e vamos dar total apoio.
Na sua visão, o que aconteceu de melhor no Santos nos últimos anos?
O Santos Futebol Clube avançou nos últimos anos, mas precisa avançar muito mais. Acredito que alguns pilares importantes foram construídos, que os valores estão corretos, como honestidade e a busca pela melhora da gestão, mas faltou uma execução melhor. Nos preocupa essa visão muito pessimista sobre o Santos que vejo nos meus adversários. O Santos é vitorioso, conhecido mundialmente, tem uma torcida apaixonada. É o clube com o maior saldo de gols do mundo. Nosso trabalho com a base é o melhor do país - marcamos três vezes mais gols que os outros times e somos um celeiro de craques. O Santos é o clube que pode mostrar como revolucionar o futebol brasileiro e colocar o país de novo no centro do mundo da bola. Mas pra gente fazer isso acontecer, precisamos trabalhar sério, nos atualizar e continuar avançando.
E o que mais contribuiu negativamente para o mesmo período?
Hoje, o principal erro é na gestão. O atual presidente delega as funções para todos do Comitê Gestor e não tem como cobrar a responsabilidade. Não dá pra cobrar de todo mundo, isso não funciona na prática. Em todas as empresas que geri, sempre houve um responsável para cada área e no clube não pode ser diferente. O clube tem que ser gerido como uma empresa.
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